1 - Visita de estudo a Amarante
2 - Incentivo à escrita de memórias pessoais
3 - Recordar o livro de Michel Lacroix
4 - Um monumento nacional de Torres Vedras: "Trechos românicos de Santa Maria do Castelo"
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1 -
2 - Os participantes são convidados a escreverem memórias pessoais
3 - A partir do livro de Michel Lacroix, referências ao processo de inventariação e classificação de património em Portugal. A partir daí, abordamos um dos monumentos nacionais torrienses menos conhecido, os "Trechos românicos de Santa Maria do Castelo".
4 - Visionamos imagens, em articulação com três textos sobre o tema:
A
colina que domina o centro histórico torriense terá sido habitada desde os
tempos pré-históricos. Romanos, primeiro, e muçulmanos, muito mais tarde,
ocuparam-na e fortificaram-na. Elevação dominante, com excelente localização –
um rio a norte e oeste, uma fértil várzea a sul e poente – firmou-se como ponto
de referência em volta do qual se espraiou a povoação primitiva, em interacção
constante com o termo adjacente.
A construção de uma
igreja românica no morro do castelo, logo após a ocupação cristã no reinado de
Afonso Henriques, correspondeu à vontade de impor a nova religião em terra islamizada.
Lá no alto, distinguindo-se dos pobres casaréus populares, Santa Maria do
Castelo atraía os olhares e exercia uma forte autoridade religiosa, aliada dos
terratenentes. Contemporânea de outras que foram construídas em Portugal no
mesmo ciclo histórico, no início do séc. XIII, Santa Maria do Castelo foi
sempre, e ainda é, o lugar para onde convergem os olhares dos viajantes e
moradores. Por isso terá sido a primeira matriz de Torres Vedras. Com tantos
séculos de existência, marcados por intempéries e catástrofes – como os
terramotos de 1531 e 1755 – a primitiva construção sofreu abalos, derrubes e
reconstruções. O que restou dos danos do tempo reveste-se de enorme importância
pela analogia com vestígios da mesma época na Sé de Lisboa e pela data de 1208
na lápide funerária relativa ao possível arquitecto da igreja, Mestre Mendo,
inscrita no portal lateral, no lado sul. Assim nos elucida a ficha
caracterizadora deste monumento no site
da Direcção Geral do Património Cultural: “O conteúdo deste letreiro é
fundamental para datar a obra românica da igreja, mas também para caracterizar
a da Sé Catedral de Lisboa quer as de S. Pedro de Sintra e de Leiria, servindo
a de Torres Vedras como director cronológico fundamental”.
Inscrições
SALVAGUARDA
DO NOSSO PATRIMÓNIO
Ao
longo do séc. XIX, o património português edificado foi alvo de inumeráveis
actos de vandalismo decorrentes das invasões francesas (1807-1811), da guerra
civil (1828-34) e da extinção das ordens religiosas (1834). O surto
construtivista que caracterizou o chamado “fontismo” (1878-1887) recorreu
muitas vezes às ruínas desse património para recuperar materiais de construção
– pedra aparelhada, cantarias, etc. – necessários às novas edificações e nisso
não foi diferente do que em épocas anteriores frequentemente se fez.
Perante
a hecatombe, elevaram-se vozes autorizadas que a denunciaram com vigor: Almeida
Garrett, Alexandre Herculano, Ramalho Ortigão e muitos outros. Destes,
destacou-se o arquitecto e arqueólogo Joaquim Possidónio da Silva, cujo labor
está na base de numerosas iniciativas de salvaguarda do património nacional.
Caso do inventário de bens e monumentos, primeiro e utilíssimo passo para a sua
classificação em registo nacional. Na sequência deste e de outros contributos,
em 23 de Junho de 1910 foi publicado, no Diário
do Governo, um decreto que classificou como monumentos nacionais uma lista
apreciável de exemplares do património edificado português. Nesta lista
encontramos os “trechos românicos de Santa Maria do Castelo, de Torres Vedras.”
Portal axial
Capitéis
Portal lateral
TRECHOS ROMÂNICOS DE
SANTA MARIA DO CASTELO
Gabriel
Pereira (1847-1911) – investigador eborense que foi também director da
Biblioteca Nacional – no seu livro Pelos
subúrbios e vizinhanças de Lisboa, publicado em 1910, descreve o que viu
num passeio a Torres Vedras. Chegado ao recinto do castelo, mostra-nos o que
são esses “trechos românicos”, classificados como monumento nacional: «Na
igreja de Santa Maria do Castelo, vi dois capitéis românicos na porta principal
que olha para o poente. (…) Os portais, de volta redonda, estão nos seus
lugares de origem. Aquela silva que orna a parte superior dos capitéis,
formando um friso, repete-se aos lados da porta que diz para o sul. Os capitéis
são de calcário muito rijo, trabalho ingénuo, relevo fundo; pouco têm sofrido
do tempo. São decorativos e simbólicos; o escultor quis representar motivos do
Cântico dos Cânticos; é o lírio dos vales, a pomba do rochedo, a maçã entre a
folhagem agreste; as comparações amáveis feitas à Sulamite, que a igreja cristã
adoptou. Obra d’arte, da alta idade média, é isto o que resta n’esse templo,
alvejante entre oliveiras, aninhado entre as muralhas vetustas, cubelos e
quadrelas negras do castelo.»
[ Textos de Joaquim Moedas Duarte, a publicar no próximo Boletim de Freguesia da União das freguesias de Santa Maria, S. Pedro e Matacães ]
Boa noite, Gostei do seu trabalho de pesquisa sobre o patrimônio, em especial ao histórico que fez sobre Aboboriz em Amoreira. Sou brasileiro e recentemente estive fazendo uma pesquisa sobre uma antiga capela aqui no meu país, edificada por volta do ano de 1724 cuja devoção é a mesma Nossa senhora, então me interessei bastante em aprofundar os conhecimentos e estreitar essa possível relação histórica existente e gostaria de sua ajuda. o meu email pessoal é: antonio.gabriel.arq@hotmail.com teria um email para que podessemos trocar mais informações?
ResponderEliminarOlá, boa noite
ResponderEliminarObrigado pela visita e pelas palavras que aqui deixou.
Pode usar este mail:
autitvmoedasduarte@gmail.com
Cordialmente
J. Moedas Duarte